26 de novembro de 2009

Fermento

Fiz uma pequena grande viagem de três dias ao redor de momentos em que me encontrei como nunca me lembro de me ter encontrado. Demoro agora mais tempo a perceber coisas que sinto. Sei que o poder de me abrir ao mundo é meu mas não me sinto já dona do meu destino por saber que me posso espalhar por aí como a chuva num pequeno Inverno viajante. Alguém me dá a mão e me guia os passos trémulos até ao cimo das nuvens. Se não fosse essa mão e essa voz, nunca teria coragem de procurar coisas tão belas e tão grandes e que coubessem assim numa mãozinha fechada de horas. Sei-lhe agora melhor o olhar triste, adivinho-lhe os espinhos na alma, as dúvidas, as horas difíceis. Dentro do meu peito, volto a agradecer-lhe. Desta vez com muito mais certezas acerca de muito mais coisas e, sobretudo, de mim. Com a cabeça encostada à janela de um avião, olho para baixo e vejo montanhas cobertas de neve, campos verdes, árvores, lagos, algumas nuvens. De repente, percebo que já não tenho medo de me ir embora. Que a viagem maior de todas vale a pena por haver montanhas cobertas de neve e campos e árvores e lagos. Nada disto pode estar aqui por acaso. Eu não posso estar aqui por acaso. As palavras que aprendo e que me guiam não posso tê-las ouvido por acaso. Aprendo que a verdadeira felicidade não está no que tiro dos outros mas de mim própria. Sinto-me a crescer por dentro como a massa do pão que a minha avó benzia em cruz antes de por a levedar.

2 comentários:

Tita Xana disse...

gostei muito deste texto, que li varias vezes. Acho que poderia relê-lo muitas mais. :)
Beijinhos

Anita disse...

Obrigada! Um beijinho muito grande para ti, querida.