29 de maio de 2009

Passionless, Pointless

Gosto do novo álbum da P. J. Harvey com o John Parish. Hoje ouvia-o enquanto trabalhava e uma música chamou-me a atenção. Fui ver a letra como faço muitas vezes. Mesmo adorando a música, não resisto a debruçar-me sobre as palavras. E o que diz é sobre alguém que pode ser a própria ou não, mas é também sobre a minha vida e sobre mim e sobre algumas pessoas que eu conheço. Ainda por cima a música é bonita. É por esta e por outras que quando ouço estes senhores que adoro há muitos anos, sinto que me conhecem melhor do que algumas pessoas que vivem perto de mim.

Let's talk, let's talk
Let the dirt fall
Let heads roll
No kind hand is reaching out, for me tonight

I slept facing the wall,
I dreamt of buildings in pieces
You slept, facing the wall, and you wanted less than I wanted

Passionless, pointless
Where does the passion go
I'm asking, there's no kindness in your hands
No reaching out, for me, tonight

You slept, facing the wall
And you wanted less than I wanted
I slept, facing the wall
But when I met you, how did you enter
I don't remember
How did we ever

28 de maio de 2009

Loja do chinês

São de plástico, mas é para animar. Para dar um bocadinho de cor a isto.


23 de maio de 2009

Fénix

Num processo estranhamente tranquilo encontro parte de mim escondida há muito, afundada em anos de medo de viver. Estico a coluna aos poucos, deixo o corpo desenrolar-se sobre si próprio, lentamente, ergo a cabeça, olho o céu, inspiro profundamente e deixo a vida entrar assim nos meus pulmões, sem avidez. O meu lugar é aqui. Pensei que ia perder capacidades, aberturas na minha alma que me deixam ver e sentir para além do óbvio e me permitem ir longe nas minhas experiências de sentir. Pensei que ia tornar-me numa coisa mais morna e cinzenta, pensei que o interesse do mundo e dos outros por mim poderia depois, a longo prazo, desvanecer-se... Um erro, claro. O que acontece, lentamente, nunca me irá fazer deixar a minha identidade para trás como as cobras deixam a pele e isso tranquiliza-me e ajuda-me a olhar ainda mais para cima. Estar vivo é um milagre que não se pode querer perceber. Estico os braços para agarrar o que estiver ao meu alcance como sempre estiquei e deixarei sempre espaço a quem quiser esticá-los comigo e aprender o mundo.

19 de maio de 2009

Com a coisa do êxtase, não teci o devido agradecimento ao excelente fotógrafo do concerto, que acontece ser meu irmão. Graças às suas maravilhosas fotos, vou poder suspirar durante muito mais tempo!

18 de maio de 2009

Conversão

Para quem já tinha visto o senhor David Eugene Edwards em Santa Maria da Feira, a surpresa era relativa. E embora me garantissem a genialidade do homem, as palavras são o que são até a experiência me remexer a alma. Ontem à noite, em Leiria, a minha alma entrou no Teatro Miguel Franco a direito e saíu virada do avesso. Hoje ainda sinto o revérbero da grandiosa noite no meu peito e na minha cabeça. Pareceu-me quase impossível voltar à vida normal, sem ter tempo para digerir tudo com calma. Apeteceu-me largar o trabalho e ir para casa a correr ouvir Woven Hand bem alto, para não deixar a vibração abrandar-se-me nas veias.O homem acredita em Deus, evoca-o, trá-lo com ele nas cordas vocais, nos dedos, nas pernas, nos olhos e convoca-nos para um ritual inesquecível e irrecusável. E é quase impossível não se ficar crente, nem que seja por uns dias. Mas tudo o que eu possa dizer será sempre insuficiente para descrever a experiência. A coisa que me ocorreu mais vezes dizer nas últimas horas sobre este concerto e que resume o que sinto da forma mais simples é: obrigada senhor David Eugene Edwards. Muito, muito obrigada.