8 de novembro de 2008

Not so funny games











Jogo um jogo para o qual não fui convidada e do qual não conheço as regras. Vou percebendo aos poucos o que fazer, quase por instinto, como se tacteasse um caminho na escuridão. O que mais me incomoda é jogar este jogo com alguém e sentir que é essa pessoa que dita as regras. Chateia-me porque sempre achei mais confortável fazer as coisas à minha maneira. Sabendo que se cair e esfolar um joelho ou partir a cabeça, não tenho de culpar ninguém. A responsabilidade da minha dor é exclusivamente minha.

Para algumas pessoas, culpar alguém pelas suas dores talvez possa minimizá-las um pouco. Isso é provavelmente instintivo, também, e não tem nenhum tipo de maldade subjacente. Tem antes um pouco de fé, pois se culparmos alguém ou alguma coisa isso faz de nós seres puros e inocentes, vítimas de um destino superior, do acaso ou simplesmente da nossa natureza e assim, desresponsabiliza-nos um pouco pelos nossos actos.

Eu prefiro acreditar que posso assumir a responsabilidade dos meus actos e das consequências negativas que eles possam ter. Prefiro pensar que dependem das minhas escolhas e decisões e que ser responsável por eles, bons ou maus, sem moralismos nem dramas, faz de mim um ser mais íntegro, mais coerente.

Sei que tudo isto pode não passar de uma ilusão que me imponho para acreditar que consigo coisas. Que consigo ir mais além neste curto espaço de tempo que temos para fazer um caminho. Sei que posso fazer-me acreditar no que eu quiser, quando eu quiser, mas que isso pode nunca mudar nada ou, simplesmente, não chegar a tempo.

Mas sei-o.

É por isso que me chateia jogar este jogo para o qual não fui convidada. Porque não sei o que é, como funciona, que hipóteses tenho de ganhar ou perder, e muito menos o quê.

Sem comentários: